Um homem de 53 anos foi atingido por um raio na tarde desta quinta-feira (19) na comunidade de Cachoeirinha, Zona Rural de Divinópolis.

 

Segundo a equipe do SAMU que atendeu a ocorrência, o homem estava consciente, estável e apenas queixando-se de muita dor.

O homem relatou aos socorristas, que ao passar por uma cerca ele recebeu uma descarga eletríca.

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A cerca estava eletrificada pela queda de um raio ocorrida poucos minutos antes.

 

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Ele foi medicado pelo médico intervencionista, imobilizado e encaminhado para a UPA de Divinópolis.

 

Como o SAMU não informa nomes, não foi possível saber o estado de saúde do homem.

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O que acontece quando uma pessoa é atingida por um raio?

 

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O corpo humano simplesmente não é feito para aguentar 300 kV de eletricidade. Quando isso acontece durante uma pescaria em meio a uma tempestade e você se vê fazendo uma versão improvisada de Energia Pura, eis o que esperar.

 

Embora ainda exista um debate dentro da comunidade científica sobre a exata natureza do processo, a maioria acredita que raios de sentido nuvem-ao-chão se originam quando as condições dentro de um trovão tira elétrons do vapor d’água que está subindo para criar um campo elétrico. Elétrons livres se reúnem no fundo da nuvem enquanto íons positivos se movem para o topo dela.

 

Esse campo elétrico é tão intenso que os elétrons negativos na nuvem repelem os elétrons no chão. Esses outros elétrons no nível do solo são empurrados para tão longe do estrato que a superfície do planeta se fica carregada positivamente. Uma vez que isso ocorre, as moléculas de ar ao redor das nuvens se ionizam, descarregando o campo elétrico através de um curto-circuito de volta à Terra, neutralizando a diferença de carga.

 

Esse é o raio — e você não vai querer estar por perto quando um deles atingir o solo.

 

Os humanos são bons condutores. Sermos compostos de átomos que podem transmitir elétrons é algo ótimo para a funcionalidade básica da nossa rede neural. Mas é algo bem ruim quando um secador de cabelo cai na banheira, abrimos um capacitor industrial ou viramos um para-raios vivo.

 

Os raios são, por outro lado, são diferentes dos choques industriais que você recebe de equipamentos de alta-voltagem. Primeiro, o nível de voltagem é maior em um raio — a maioria dos choques industriais gera 20~60 kV, já um raio gera 300 kV. Segundo, a duração do raio é muito mais curta. Choques criados pelo homem duram cerca de meio segundo (500 milissegundos) em média. Um raio passa por você em apenas 3 milissegundos. Finalmente, a maioria das lesões de eletricidade industrial atinge as mãos, braços e ombros do trabalhador, enquanto raios naturais na maioria atingem a cabeça, ombros e parte superior do tronco.

 

Quando um raio atinge um humano de fato, coisas bem ruins acontecem. Além dos 300 kV de energia atravessando o seu corpo, a energia do raio esquenta o ar ao redor a mais de 27 mil graus Celsius, causando queimaduras de terceiro grau nos pontos de entrada e saída do raio. Ele também pode criar queimaduras no formato de raios, chamadas Marcas de Lichtenberg, causadas pela queima de vasos sanguineos. O calor e a força podem chamuscar as roupas. Os raios podem fazer pessoas voarem pelos ares.

 

O dano pode ser ainda maior se você estiver segurando um objeto de metal. Para começo de conversa, isso aumenta a probabilidade de ser atingido. Um grande motivo de a Florida liderar o ranking de mortes e lesões derivadas de raios (foram 126 mortes na última década) não é a topografia regional, mas a vibrante indústria de golfe do estado. Legiões de jogadores andam pra lá e pra cá freneticamente com seus conjuntos de nove tacos para terminar uma partida antes que a tempestade chegue. Vestir objetos de metal, como correntes, pulseiras, braceletes, piercing, faz com que eles se aqueçam rapidamente, causando sérias queimaduras nesses locais.

 

As queimaduras não são a única forma com que raios podem lhe ferir. Um raio pode agir como um grande desfibrilador, perturbando o ritmo do coração e causando uma parada cardíaca. Isso em adição a queimar os vasos sanguineos e danificar os músculos cardíacos. Felizmente, apenas um em cada dez norte-americanos morreram ao serem atingidos por um raio nas três décadas entre 1981 e 2010. O período observou 54 fatalidades por ano em média, e entre 2001 e 2010 o número caiu para 39 ao ano. 90% das vítimas de raios sobrevivem, mas a um custo significativo.

 

“As lesões de raios são variadas e podem ter diferentes formas”, diz o a Dr.ª Elizabeth Gourbière do Electricité de France, Service des Etudes Médicales no trabalho Lesões de raios em Humanos na França. “As complicações imediatas mais perigosas (e possivelmente fatais) são cardiovasculares e neurológicas. É preciso ter em mente que apenas a ressuscitação cardiovascular imediata e efetiva (iniciada por equipes de resgate), seguida de tratamento médico emergencial o mais rápido possível, pode salvar vítimas com parada cardiorrespiratória, ou reverter as sérias consequências da hipóxia cerebral. Algumas vítimas permanecem em coma apesar da ressuscitação intensiva e morrem de causas secundárias incluindo hemorragias e múltiplas lesões (encefálica, cardíaca, pulmonar, intra-abdominal).”

 

Sintomas imediatamente pós-raio podem incluir arritmia cardíaca, danos ao miocárdio e edema pulmonar no sistema circulatório. Neurologicamente, você provavelmente perderá a consciência, por alguns minutos ou até anos. Você pode sofrer danos cerebrais (porque a estrutura celular do seu cérebro literalmente cozinhar a partir da corrente), resultando em perda da memória ou amnésia de curto prazo. Doenças neurológicas de longo prazo incluem mudanças de personalidade, dificuldades de aprendizagem, desordens no sono, convulsões, parkinsonismo (não é o Mal de Parkinson, mas uma contorção constante similar). Por fim, as vítimas normalmente relatam dormência e fraqueza nos membros, paralisia temporária ou permanente, concussões, problemas nos tímpanos, catarata e muita, muita dor.

 

Fonte: GizModo