Seis casos suspeitos de síndrome nefroneural estão sendo investigados em cidades do Centro-oeste de Minas. Os casos foram notificados em Arcos, Divinópolis e Itaúna e os pacientes deram entrada com sintomas parecidos com os dos casos já confirmados da síndrome, no entanto nenhum entrou na lista de confirmações da Secretaria de Estado de Saúde (SES).
Uma força-tarefa investiga a relação das internações e mortes com o consumo da cerveja Belorizontina, da fabricante Backer. A substância tóxica dietilenoglicol foi encontrada em lotes do produto, que conforme já divulgado, foram distribuídos na região do centro-oeste.
Arcos
Dois homens, um de 19 e outro de 33, deram entrada na Santa Casa de Arcos na primeira semana de janeiro com sintomas gastrointestinais, conforme informou o hospital. Segundo a chefe do departamento de enfermagem da instituição de saúde, os dois homens já receberam alta e confirmaram terem feito consumo da cerveja dos lotes identificados com a contaminação.
“A princípio tratamos como problema gastrointestinal e os pacientes foram liberados, mas depois com os laudos da polícia civil e contaminação da cerveja sendo divulgadas, levantamos suspeitas para esses dois casos, pois confirmaram o consumo da cerveja.”, explicou a enfermeira.
“Nenhum dos dois apresentaram os outros sintomas (problemas neurológicos e insuficiência renal), mas seguimos o protocolo exigido pela Secretaria de Estado e enviamos exames dos dois pacientes à Fundação Ezequiel Dias (Funed) para serem investigados”, explicou.
Itaúna
Uma jovem de 23 anos foi internada nesta quarta-feria (15) em Itaúna, com suspeita da síndrome. A mulher afirmou que bebeu a cerveja Belorizontina, da Backer, de um dos lotes contaminados, no último dia 9 de janeiro, três dias após surgirem as primeiras informações sobre a doença e a associação dela com a cerveja.
Ela está com alguns dos mesmos sintomas identificados nos outros 18 pacientes internados com suspeita da síndrome: dores abdominais, vômitos e diarreia, conforme informou Hospital Manoel Gonçalves, onde ela está internada.
Segundo o órgão, os sintomas são leves e a mulher não apresentou insuficiência renal ou problemas neurológicos, bastante característicos na síndrome nefroneural.
Mesmo assim, os exames dela foram encaminhados à Fundação Ezequiel Dias (Funed) já que ela ingeriu cerveja do lote contaminado e teve sintomas gastrointestinais, que também são característicos da doença.
A garrafa da bebida foi recolhida pela vigilância sanitária e será encaminhada aos órgãos responsáveis pela investigação.
Divinópolis
A Secretaria Municipal de Saúde confirmou que três casos suspeitos da doença estão sendo investigados. O órgão não informou a idade nem o sexo dos pacientes e nem o quadro clínico deles.
De acordo com a SES, os casos citados não entraram no sistema como casos suspeitos. Isso ocorre porque são feitas várias apurações após a notificação feita pelo município, até que o caso entre na lista dos casos sob investigação. A SES pede que casos suspeitos sejam notificados por telefone e e-mail que constam no site da Secretaria.
Confirmados
A doença já fez pelo menos 18 vítimas suspeitas e deixou dois mortos, conforme laudos da Polícia Civil.
As investigações para saber o que causou a contaminação estão em andamento, bem como se o problema está mesmo relacionado a cerveja.
Apoio às vítimas
A Cervejaria Backer disponibilizou um número de telefone para auxiliar os pacientes que estão sob suspeita de intoxicação por dietilenoglicol após consumirem a cerveja Belorizontina.
"A Backer está aberta para receber o contato desses familiares sempre que desejarem e continua colaborando com as autoridades e verificando seus processos para contribuir com as investigações e ter respostas o quanto antes. O contato exclusivo para os familiares é (31) 3228-8859, de 8h às 17h", diz nota.
Nota Oficial - Síndrome nefroneural
Polícia Civil de Minas Gerais dá novos esclarecimentos sobre as investigações a respeito da síndrome nefroneural
A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) informa que os peritos do Instituto de Criminalística realizaram análises de amostras de cerveja produzida pela Backer durante todo o sábado (11/01).
Também estão sendo realizados exames no material que foi recolhido na cervejaria durante perícia ocorrida na última quinta-feira (09/01). Os laudos devem ficar prontos nos próximos dias.
Conforme divulgado na última sexta-feira (10/01), as amostras de sangue de três pacientes internados apresentaram a substância dietilenoglicol, a mesma identificada em três amostras da cerveja.
Sobre a informação de que um supervisor do empresa Backer registrou Boletim de Ocorrências, em 19 de dezembro de 2019, após um funcionário ter sido demitido: o crime de ameaça demanda ação penal pública condicionada à representação do ofendido. Tendo em vista que a pessoa que registou o referido boletim não foi à delegacia representar pela continuidade de ação penal, não foi instaurado Termo Circunstanciado de Ocorrência.
Independentemente deste fato, a Polícia Civil não descarta nenhuma possibilidade, o que vem sido divulgado desde o momento em que o delegado Flávio Grossi instaurou o inquérito sobre a forma de contaminação da cerveja Belorizontina, ou seja, a partir da última quarta-feira.
É importante ressaltar: desde o momento em que a PCMG tomou conhecimento de que as pessoas que desenvolveram a síndrome nefroneural podem ter sido contaminadas após ingerir a bebida, foram instauradas diligências preliminares (que subsidiam a decisão da autoridade instaurar ou não um inquérito).
A reportagem do MGTV esteve em Arcos nesta quarta-feira (15).
Acompanhe a reportagem.
Comente