Transcorria a segunda metade do século XVIII, tempo em que remanesciam os quilombolas sobreviventes dos grandes massacres do quilombo de Campo Grande ( grande conjunto de povoados, mais de 40 naquela região) que reuniam sob as ordens de Ambrósio, um negro, filho de rei africano, cuja história é permeada de exemplo de dignidade e de altivez. Reconhecido pelos jesuítas como homem purificado e bom.
Escravizado, traficado para o Brasil e posto à venda no mercado do Valongo, Rio de Janeiro. Jesuítas o compraram juntamente com Cândida, sua companheira até a morte.
A localização do Quilombo do Ambrósio, que na verdade era uma rede de quilombos do sertão de Campo Grande, que começava em Ajuda dos Cristais entre o Rio Grande e Rio Parnahíba, passava por Arcos (Corumbá), Bambuhy e terminava na Serra da Marcela ( Campos Altos ).
O “ Rei “ Ambrósio era respeitado pelos demais moradores, quer fossem quilombolas ou índios. Era adorado. Todos, especialmente os africanos, mesmo longe da pátria-mãe a África, tratavam Ambrósio e Cândida com homenagens próprias reservadas ao rei e a rainha.
Ambrósio era um homem firme, sério e implacável na aplicação da lei em busca da ordem. Era admirado porque era justo.
O Quilombo era uma organização social onde o trabalho visava o bem geral da sociedade. Na lei ambrosiana todo homem devia ter sua companheira, sua esposa. Medida que evitava litígios naquela comunidade em que o casamento era obrigatório.
Naquele tempo, Vila Rica era o mais importante pólo comercial. Ambrósio mandava buscar as provisões que o Quilombo não produzia. Seus comandados recebiam ordens severas de bem proceder, pois ninguém podia saber a localidade do Quilombo. Contudo, certa feita o negro Rebolo desrespeitou a lei ambrosiana, traindo.
A lei ambrosiana mandava que fosse feito o sacrifício coletivo para o povo não ser escravizado. Avisado pelas sentinelas do Morro do Espia a tempo de fugir, Ambrósio resolveu ouvir seu povo que escolheu lutar e ficar, a ter que submeter a novo período de escravidão.
O Quilombo sucumbia. O mais perfeito movimento africano dentro do Brasil colonial e modelo de organização social era desmantelado. Os remanescentes permaneciam como prova para a história.
“Ambrósio merece um monumento em Arcos-Corumbá. “
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