O Quilombo do Campo Grande, conhecido também como Quilombo de Ambrósio, era organizado em diversos núcleos, que atualmente coincidem com as regiões de Bambuí, Corumbá (Arcos), Cristais, Guapé, Alpinópolis, Caeté (Nova Resende), São João Batista do Glória, São Sebastião do Paraíso, dentre outros. As povoações, embora distintas, eram todas lideradas por “Rei Ambrósio” e formadas em sua maioria por negros alforriados.

Em 01/06/1746, Gomes Freire, governador da capitania do Rio de Janeiro, nomeou o capitão Antônio João de Oliveira para, com um grupo composto por 300 homens, destruir o quilombo, que contrariava os interesses locais. A ordem do massacre partiu do Rio de Janeiro porque naquela época Minas Gerais e São Paulo não possuíam espaços territoriais definidos.

Ao longo dos anos, foram organizados vários ataques aos quilombos do Campo Grande, uma vez que, após cada batalha, seus integrantes migravam e se organizam em outros locais. Assim, em 1764, o governador da já formada província de Minas, Lôbo da Silva, nomeou como mestre de campo, o miliciano das forças armadas Inácio Corrêa Pamplona para destruir o refeito Quilombo de Ambrósio II. Neste momento, o quilombo se estendia das margens do rio São Francisco e seguia pela chamada “Estrada da Farinha Podre”, aquela mesma utilizada por Dona Beija para fazer o caminho de Pains a Araxá, até alcançar as novas minas de ouro, em Goiás. Portanto, o quilombo ocupava todo o triângulo mineiro que, naquela época, pertencia ao estado de Goiás.

Conforme registro do Arquivo Nacional, no ano de 1769, ocorreu a “Batalha de Parnaíba”, na qual aproximadamente 120 homens fortemente armados, liderados por Inácio Corrêa Pamplona, mataram 93,34% dos negros do quilombo. No mesmo ataque foram mortos o Rei Ambrósio e também seus guardas.

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Em razão dos bons serviços prestados à Coroa Portuguesa, Inácio Corrêa Pamplona, alcançou o posto de Regente, com poderes para distribuir Sesmarias para si mesmo, para parentes e até amigos. Para ele, foram designadas sesmarias que vão da Fazenda de São Miguel e Almas, que fica próxima ao Córrego das Almas (afluente do rio Candongas, formando o rio São Miguel), até o Alto São Francisco, no encontro com o Rio Samburá. Confrontando com suas sesmarias, foram registradas, em livro próprio, sesmarias para seus filhos Teodósio, Rosa, Simplícia e Thimótea.

Em 1789, Inácio Corrêa Pamplona uniu-se a Joaquim Silvério dos Reis e Basílio Beito Malheiros para delatar a Conjuração Mineira, o que culminou com o enforcamento de Tiradentes em 1792. Além disso, em 23/09/1796, distribuiu sesmarias a seu genro João José (casado com sua filha Bernardina), em terras que confrontavam com a Sesmaria Fazenda São Julião (a primeira sesmaria de Inácio). A sesmaria doada ao genro, posteriormente, foi repassada para seu filho Padre Inácio Pamplona. Tempos depois, em 09/07/1799, o casal João José e Bernardina foram contemplados com a Sesmaria Fazenda São Julião.

Conhecido como “desbravador do Sertão Oeste de Minas Gerais”, Inácio Corrêa Pamplona morreu em 1810.

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Apesar da fama atribuída ao mestre de campo, o desbravamento da região se deu com a destruição de tribos indígenas e quilombos. Sendo assim, podemos afirmar que os Pamplonas foram os primeiros sesmeeiros, após a destruição dos quilombos de  Campo Grande na região, mas não os primeiros moradores, pois as terras pertenciam a população do Ambrósio.