Quem visita o Centro-Oeste mineiro sai vestido da cabeça aos pés. A oferta vem de um esforço coletivo que também cobre de orgulho quem faz parte desta história. Nos últimos anos, o Brasil tem se mantido entre os cinco maiores produtores mundiais de algodão.
E, além de figurar entre os grandes, tem um cenário interno promissor. Líder na região sudeste, Minas Gerais conta, desde 2003, com o Programa Mineiro de Incentivo à Cultura do Algodão, que abrange toda a cadeia produtiva.
O Proalminas amplia a disponibilidade do produto para as indústrias têxteis instaladas no estado e garante ao produtor a venda pelo preço de mercado, mais um adicional de 7,85% no valor.
Quem adere ao programa têm o compromisso de comprar uma cota do algodão produzido e beneficiado no território mineiro. A contrapartida é a desoneração fiscal, com isenção de 41,66% do crédito presumido de ICMS, ao adquirir o algodão certificado dos produtores mineiros, o que também viabiliza a competitividade da indústria têxtil mineira.
O presidente da Fiemg, Flávio Roscoe, que vem deste setor, destaca que o algodão é vital para a cadeia produtiva têxtil. "Além disso ajuda a vestir as pessoas com maior conforto, é uma fibra extremamente adequada ao clima brasileiro. Mas não é só isso, não só para produção interna. Ele é largamente exportado. E vem rompendo fronteiras, entrando nos mercados mais exigentes. Pois é um produto de qualidade, produzido a baixo custo, em função dos grandes avanços tecnológicos que os cotonicultores desenvolveram ao longo dos anos. Elevando a segurança e a produtividade da lavoura e, consequentemente, a qualidade da pluma", afirmou Flávio.
Mas nem sempre foi leve essa história. Nos anos 1980, a região sofreu com uma grave queda na produção da commodity, ocorrida também no país. Isso se deu pelo surgimento de pragas como o bicudo-do-algodoeiro, pela baixa rentabilidade e produtividade das lavouras e pela queda na qualidade da pluma, praticamente inviabilizando a cultura.
O cenário mudou a articulação em rede, entre estado e produtores, para o resgate da cotonicultura familiar em diversas comunidades do Norte de Minas. A Associação Mineira dos Produtores de Algodão também se fortaleceu nesta aliança.
Hoje, a entidade apoia o uso de novas tecnologias, o aumento de produtividade e redução de custo. "A indústria mineira, esse ano, deve adquirir um total de 90, 92 mil toneladas de plumas de algodão. Desse total, em torno aí de 25 a 28 mil toneladas serão de pluma mineira. E essa pluma é atestada, pelo IMA, que ela tem origem aqui dentro do estado de Minas. Os produtores mineiros vão produzir em torno de 65 mil toneladas esse ano.
E o excedente do que não for comercializado aqui dentro de Minas Gerais, tem como o principal destino a exportação. E os principais compradores são a China, Indonésia, Vietnã, Turquia, entre os países ainda", ressaltou o presidente da Amipa, engenheiro agrônomo Daniel Bruxel
Polo calçadista
Se a força do vestuário costura o desenvolvimento do Centro de Minas, o polo calçadista da região avança a passos mais lentos. Até março, eram 20 mil trabalhadores atuando diretamente nas fábricas e mais 20 mil empregos indiretos. Mas veio a pandemia do coronavírus. E, com ela muitas perdas, com a queda na demanda. A base é forte e só em Nova Serrana há cerca de mil fábricas de calçados, com grande variedade de produção.
O polo produz cerca de 105 milhões de pares anualmente. O diretor de Planejamento, Gestão e Tecnologia do Crea-MG, engenheiro mecânico Francis Saldanha, professor da Universidade de Itaúna, explicou que no início, eram mais engenheiros para fazer as implantações de montagem.
Hoje, as médias e as grandes empresas têm engenheiro trabalhando. "Engenheiros mecânicos, eletricistas, alguns da área de materiais, que vêm inclusive de fora da nossa região, egressos da Universidade Federal. para desenvolver especificamente os produtos lá fabricados, injeção de solas, elastômeros, polímeros, desenvolvimento de novos produtos e materiais. Trabalhando com engenharia reversa também, de produtos importados que lá vem para o desenvolvimento. Então é um mercado em ascensão para os profissionais da área de Engenharia", destacou Francis.
Região Central Crea-MG
O Crea-MG dividiu o estado em sete regiões para otimizar suas ações, principalmente as de fiscalização. Cada uma das regiões conta com um supervisor que apoia as inspetorias e coordena o planejamento de blitze e outras ações de fiscalização. Com essa descentralização, as atividades ganharam agilidade.
A Região Central possui uma área de 50.326,27 de km² com 88 municípios. As Unidades de Atendimento que compõem a Central são Arcos, Bom Despacho, Cássia, Divinópolis, Itaúna, Oliveira, Pará de Minas, Passos e São Sebastião do Paraíso.
Nesta região, há mais de 2.500 empresas e atuam mais de 6 mil profissionais registrados no Crea-MG. Do total de profissionais registrados no Conselho, 7% estão na Central e mais de 15% dos engenheiros da modalidade de mecânica e metalurgia registrados no estado estão nesta região.
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