Que 2020 foi um ano desafiador para toda população mundial, não é novidade. Mas pacientes com câncer tiveram algumas razões a mais para se preocupar.

O câncer é uma doença que não espera, pode ter uma evolução rápida e o diagnóstico precoce é a melhor forma de combate – oferecendo até 95% de chance de cura.

Então, como agir quando a principal recomendação das autoridades mundiais de saúde foi para ficar em casa?

A Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama (FEMAMA) acompanhou de perto essa movimentação e compilou os principais desafios que esse ano tão difícil trouxe e pontos de atenção e cuidados que pacientes oncológicos devem ter em 2021.

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Os duros ensinamentos de 2020

Logo no início de abril, pouco mais de um mês após o primeiro caso confirmado de covid-19 no Brasil, a Dra. Maira Caleffi, mastologista e presidente voluntária da FEMAMA, pontuou o impacto da pandemia no câncer: “Devemos procurar as melhores soluções locais, alinhadas às orientações do Ministério da Saúde, para garantir o atendimento aos casos urgentes e não deixar desassistidos os demais casos”, disse. Mas, já em maio, a entidade notou falta de compromisso do sistema de saúde com pacientes oncológicos e sua incapacidade de responder às demandas.

Sem direcionamentos claros, com trocas de ministros da saúde e uma gestão descoordenada, o que se viu foi o aumento de cancelamento de consultas e cirurgias agravando ainda mais a situação da oncologia no país. Em levantamento com sua rede de 70 ONGs associadas, a FEMAMA identificou que o cancelamento de consultas e cirurgias era a principal reclamação de quase 55% de pacientes. A principal dúvida, de mais de 74%, era justamente quando os tratamentos retornariam à normalidade.

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Na época, Caleffi alertou: “Vamos ver um aumento significativo de casos de tumores palpáveis e tratamentos mais agressivos, com maior custo e morbidade. É uma necessidade urgente que se abram caminhos ‘livres de corona’ para que as pessoas encontrem ajuda e informações”. Os hospitais e unidades de saúde começaram a preparar, de fato, essas áreas.

Mas a preocupação das entidades e pacientes parecia não ser a mesma do Governo Federal. No fim de junho, já completávamos 45 dias sem um ministro da saúde, em plena pandemia – e que se estendeu para além de 120 dias – e a FEMAMA, junto a outras instituições, pediu publicamente atitudes do inerte órgão que é a autoridade máxima de saúde do país. A entidade também cobrou, formalmente, a falta de ação que já vinha ocorrendo desde 2019 com a Lei dos 30 Dias e a Lei de Notificação Compulsória do Câncer, tão importantes para pacientes oncológicos, mas que foi justificada, pelas autoridades, usando a pandemia. Não houve resposta satisfatória.

2020 nos mostrou quão deficitária está a atenção oncológica em todas as etapas da doença. Os pacientes não sabiam o que fazer ou a quem procurar para obter respostas sobre o câncer. Todo o sistema público se voltou para o coronavírus.

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Cuidados com o câncer em 2021

Com o novo aumento de casos de covid-19, pode-se concluir que é uma situação que se arrastará por algum tempo, mesmo se a vacina começar a ser aplicada, já que somente alguns grupos serão preferenciais e nem toda população terá acesso.

As entidades do terceiro setor continuam exercendo seu papel de lutar pelos direitos de pacientes. Durante 2020, a FEMAMA intensificou seus canais de comunicação com os pacientes por meio de suas ONGs associadas e promoveu, além de seu fórum anual, diversas lives em seu canal, com temas que trataram de fatores de risco do câncer de mama a direitos de pacientes oncológicos. E são essas orientações que pautarão os cuidados que devemos manter e ampliar em 2021:

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Manter as consultas com mastologista e oncologista: O diagnóstico precoce ainda é a melhor forma de lutar contra o câncer, já que para alguns tipos, como o câncer de mama, não há prevenção. Por isso, é importante o acompanhamento médico, seguindo também todos os novos protocolos sanitários;

Continuar o tratamento para o câncer: Quem já teve o diagnóstico, deve continuar com o tratamento, sempre tomando todos os cuidados, para que a doença não avance até um estágio em que haja menos possibilidade de cura ou que o tratamento seja mais agressivo.

Atualizar a caderneta de vacinação: Por ficarem mais vulneráveis a contrair infecções devido ao sistema imunológico mais frágil, é importante que pacientes oncológicos mantenham sua caderneta de vacinação atualizada. Para isso, com a prescrição médica, basta procurar os Centros de Referência de Imunobiológicos Especiais (CRIEs) de cada estado. A FEMAMA responde, em seu site, dúvidas sobre vacinas para pacientes com câncer.

Fazer as 3 perguntas que salvam: A campanha de Outubro Rosa da FEMAMA em 2020, propôs que homens e jovens se juntassem às mulheres e fizessem três perguntas que podem salvar as mulheres de sua vida. Incentivar quem se ama a se cuidar é uma prática diária que não deve ficar restrita ao mês de outubro. As três perguntas são:

Você tem observado suas mamas?

Você já marcou seus exames anuais?

Você conhece seus fatores de risco?

Assim como toda a população mundial, a FEMAMA espera que em 2021 todos possam fazer sua parte para que o ano seja mais leve, principalmente as autoridades de saúde brasileiras. E, com tudo que aconteceu, 2020 deixa algumas lições importantes para trilharmos esse caminho com menos obstáculos e mais conhecimento e solidariedade, especialmente para com pacientes oncológicos. O nosso normal mudou, mas o câncer, não.

Sobre a FEMAMA

A Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama é uma organização sem fins econômicos que trabalha para reduzir os índices de mortalidade por câncer de mama em todo o Brasil, lutando por mais acesso a diagnóstico e tratamento ágeis e adequados. Com foco em advocacy, a instituição busca influenciar a formação de políticas públicas para defender direitos de pacientes, ao lado de mais de 70 ONGs de apoio a pacientes associadas em todo o país. Conheça o trabalho da FEMAMA: femama.org.br