Na vida contemporânea, falar sobre segurança pública requer cuidado. Muitos não têm ideia da complexidade existente por trás de um tema tão amplo e com tamanhas possibilidades de agravamento ou de resolução. Hoje em dia, vejam só, fala-se até em globalização do crime, um cenário no qual a ramificação do modo de agir dos malfeitores está em evidência, muitas vezes contando com uma maligna criatividade para a obtenção de benefícios em detrimento do bem estar dos cidadãos de boa índole, trabalhadores que ganham a vida honestamente.

Infelizmente, a maioria absoluta das pessoas no Brasil - talvez por ignorância, talvez por conveniência em rejeitar a realidade – vincula segurança pública somente ao trabalho policial. Ora, segurança pública não se resume a polícia. É uma verdadeira engrenagem composta por vários elos: Polícia Militar, Polícia Civil, Ministério Público, Poder Judiciário e Sistema Prisional. Muitas vezes existe também a intervenção dos poderes Legislativo e Executivo.

Desta feita, todos nós, cidadãos conscientes de nossos direitos e deveres, devemos enxergar a realidade tal como ela é: a questão é sistêmica e de responsabilidade compartilhada por esses vários órgãos, que trabalhando em sintonia certamente garantirão a solução mais adequada para cada caso.

Falando especificamente do trabalho Policial Militar, podemos perceber claramente a dificuldade que nós, servidores, temos no desenvolvimento do nosso ofício de servir e proteger. Além de esbarrarmos muitas vezes nas críticas de outras autoridades constituídas, também nos submetemos, involuntariamente, ao pré-julgamento imposto pela imprensa e pelos nossos clientes – a sociedade como um todo. Enfrentamos, ainda, a periculosidade na nossa lida diária: o relacionamento com integrantes da marginalidade e o convívio cotidiano com o risco iminente de morte, sem saber se voltaremos para nossa casa e nossa família.

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O fato é que vivemos uma verdadeira guerra civil não declarada, cuja fragilidade de nossas leis se impõe sobre a possibilidade de ver o infrator que foi condenado ser punido com o rigor que merece. Muitas vezes, na diversidade das ocorrências policiais, temos de atuar como psicólogos, médicos, bombeiros, isto porque orientamos pessoas e salvamos vidas. Às vezes, apenas com a palavra certa, evitamos tragédias. Desvios de conduta?

Sim, existem. Como em qualquer outra instituição não estamos imunes a eles. Mas o que conforta é saber que temos, na Polícia Militar de Minas Gerais, um regulamento rígido e eficiente, respaldado por uma tradição de mais de 240 anos de história.          

Por estas e outras, devemos nos perguntar: temos a polícia que queremos? O que podemos fazer para ajudar a ter uma polícia melhor? Cumprimos bem o nosso papel de auxiliar o policial quando ele precisa, seja com uma informação, seja com a voluntariedade de nos apresentarmos como testemunhas de um fato que gerou uma ocorrência policial? Eis aqui algumas questões-chaves. Perguntas muitas vezes respondidas pelo silêncio da reflexão. Omissão? Covardia? Não. Simplesmente a ausência de verificar se tais questionamentos já nos foram feitos.           

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Detentores de uma esperança que não cessa, devemos seguir em frente, almejando dias melhores. E a evolução na segurança pública como um todo talvez seja um dos mais importantes passos para que tais dias se transformem em realidade.