Na noite de segunda-feira (26), seis convidados estiveram na Câmara Municipal prestando informações. Em pauta, a situação da Covid-19, a vacinação e os protocolos adotados para atendimentos no Hospital de Campanha, Santa Casa e SEMAD (Serviço de Enfrentamento, Monitoramento e Atendimento).

Utilizaram a Tribuna, para respectivos pronunciamentos, a secretária de Saúde de Arcos, Adalgisa Borges, os médicos Luiz Henrique Messias, Fabrine Garcia Leão Vidal e Antônio Carlos Silva, a responsável pela Atenção Primária, Lidiane Franco, e a coordenadora de vacinação e imunização no município, enfermeira Ângela Margarete. A íntegra da reunião está disponível no Facebook e YouTube da Câmara.

Situação de guerra

Diretor técnico do Pronto Atendimento Municipal São José, o médico Luiz Henrique Messias admitiu que a falta de estrutura, em um primeiro momento, pode ter sido a causa de alguns óbitos, mas que foi feito tudo o que estava ao alcance para prestar um bom atendimento.

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“Não foi um atendimento de excelência, afinal vivemos uma situação de guerra”. Luiz Henrique Messias

Questionado sobre a disponibilidade de equipamentos no São José, o médico ressalvou que “hoje nós temos todos os equipamentos de pronto-socorro”. Mas, segundo Luiz Henrique “o bom é inimigo do ótimo”. “Nós trouxemos outros colegas de excelência para cá. Mas falta uma ambulância grande, por exemplo… A Administração Pública não pode se acomodar”.

A secretária de saúde, Adalgisa Borges, reforçou que, por causa da "situação de guerra", até o momento, o maior esforço foi para atender os pacientes da Covid, centralizando o atendimento na FUMUSA e Santa Casa. Mas ressaltou que exames têm sido feitos, por exemplo, cumprindo as emendas impositivas do orçamento. Também foi frisado que, desde os primeiros momentos, qualquer cidadão pode fazer testes de Covid, e que a SEMAD fez a diferença. “Nós tivemos no mês de março dias com mais de 80 pessoas positivadas. Era humanamente impossível atender todo mundo naquele momento. Mas foi feito o monitoramento, com o acompanhamento e visitas dos agentes de saúde”.

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Funcionamento do CTI

O médico intensivista Fabrine Garcia Leão Vidal informou que os aparelhos de hemodiálise do CTI já estão funcionando. “Já realizamos duas sessões, e está em pleno funcionamento. Estamos com problemas na equipe de enfermagem, mas as equipes de fisioterapeutas e de médicos estão completas. Faltam profissionais no mercado: na conjuntura atual, é impossível contratar profissionais experientes”, ressaltou o médico.

Fabrine também relatou que fez parte do trabalho de instalação de oito UTI’s, e que essa foi talvez aquela que tenha proporcionando o maior desafio, num cenário de catástrofe sanitária terrível, com falta de insumos e equipamentos. Ele ainda exemplificou o efeito da escassez de recursos nos preços: um bloqueador neuromuscular custava, mais ou menos, de 12 a 15 reais. Hoje, custa em torno de 145 reais a ampola. “E são mais ou menos 20 ampolas por dia, por paciente. Como dizem, a saúde não tem preço, mas tem custo”, desabafou.

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Lembrando que existem diferentes níveis de complexidade em UTI’s, segundo o médico, “em nível de equipamentos e insumos, nós não vamos perder para nenhum hospital da região”. Dados alarmantes, porém, foram que “nós estamos observando uma redução na curva de contágio, mas muitas vezes o paciente de Covid fica dias na UTI” e que “a estatística de óbito no país todo é de 80% para quem chega ao ponto de precisar ser intubado. E evolui para 90 a 95% para o paciente com Covid que precisa de hemodiálise”, lamentou Fabrine.

Sobre o tipo de atendimento prestado, ele foi enfático:

“Essa é uma UTI de Campanha. Ao final da pandemia, se não tiver uma estrutura que seja planejada para a UTI, ela irá fechar”. Fabrine Garcia Leão Vidal

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Fabrine entende que se tem hoje um atendimento satisfatório. Lembrou, por exemplo, a contratação de uma psicóloga, muito importante para o paciente e para a família. E concluiu: “é preciso planejar uma estrutura definitiva para o CTI, e pensar numa alternativa de sustentabilidade para a Santa Casa, depois da pandemia”.

Atenção Primária, controle do número de casos e vacinação

Lidiane Franco, coordenadora da Atenção Primária, lembrou que o serviço de monitoramento básico à saúde é fundamental. “Vendo o aumento do número dos casos, o atendimento com síndrome respiratória foi centralizado na FUMUSA. Lá no PSF, a gente não pode suspender a atenção primária: acompanhamento de gestantes, vacinação de crianças para outras doenças, por exemplo”.

Com mais de dois sintomas, o paciente é direcionado para a FUMUSA, para realização de testes. O paciente com apenas um sintoma pode ser atendido no Pronto Socorro e, em caso de o médico manter a suspeita de Covid, ele recebe as orientações de isolamento.

No PSF, as consultas continuam para pacientes de alto risco. Hipertensos, diabéticos e gestantes, por exemplo, são atendidos mesmo agora na Onda Vermelha, atual classificação do município no Programa Minas Consciente.

Estando pela segunda semana consecutiva na Câmara, o diretor clínico Antônio Carlos Silva lembrou que o número de óbitos varia dependendo mais do número de casos no município do que pelo total da população. Por isso, é difícil fazer comparação com outras cidades. Dado à diminuição dos números, o que pode ser feito agora é isolar os pacientes positivados e rastrear os contatos, concentrando os testes nos familiares e colegas de trabalho de quem se contaminou com o novo coronavírus.

Por fim, a responsável pela vacinação, enfermeira Ângela Margarete, destacou que o drive-thru tem funcionado, mas que novas estratégias serão desenvolvidas. Ela também alertou que os grupos prioritários no cronograma do PNI (Plano Nacional de Imunização) devem ser vacinados obrigatoriamente, pois as doses chegam de acordo com o protocolo. “Já vem preestabelecido pra gente e nós temos a obrigação de seguir o que está lá”.

Qualquer um pode consultar a lista no Portal da Vigilância em Saúde, na sessão sobre Imunização.