Sua segurança era fundamental. Estava em terras alheias. Vendido como escravo junto a sua esposa Cândida no mercado do Valongo - Rio de Janeiro, aproximadamente em 1725. O Rei Ambrósio foi arrematado e alforriado pelos jesuítas, que sabiam de sua nobreza na África.

Para Daomé, nome fictício daquele que me guiou, o reconhecimento do valor histórico da região do Corumbá-MG faz com que muitas pessoas guardem em segredo a localização de onde o Rei Ambrósio viveu. Evita-se, assim, a depredação ambiental e, de fato, a preservação é visível, não há no local nenhum lixo.

Nesta aventura, estive acompanhado do meu amigo Marcelo Vaz. Contudo, infelizmente, pouco antes de chegar na casa do Rei, ele foi traído pelo joelho, o que lhe impediu de estar em ambiente real.

O local onde o Rei viveu é impressionante! Virado para o pôr do sol e protegido por frondosas árvores, as quais deveriam impedir a exposição da casa aos olhos dos inimigos. Inclusive, não é possível visualizar o local estando na antiga estrada de carros de bois.

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O rochedo, onde está a loca (pequena gruta), de tão místico, me pareceu ser a verdadeira “Pedra Angular” de onde Ambrósio projetou e arquitetou aquilo que seria o Império de Campo Grande, uma nação afro-brasileira de pessoas libertas dos grilhões portugueses. 
A loca é formada por uma espécie de marquise (cobertura existente nas fachadas dos prédios), com aproximadamente 4 a 5 metros de altura e com um avanço de estimadamente 5 metros. No salão principal, o da chegada da casa, tem-se uma mina d’água que sai de um túnel, no qual se vê um pouco de luz ao fundo. A direita, tem-se um espaço protegido de todos os lados, de 12 a 15m², muito parecido com um quarto do casal, mas quase impossível de acessá-lo, até mesmo por animais, que poderiam atacar. A esquerda, há um espaço de 3m² muito apropriado para cozinha e próximo à água da mina. 

Tudo é muito natural, sem nenhuma agressão humana. Há tanta sutileza no local que só pode ter sido feita pela mão de Deus. Como as pessoas sábias escolhem bem onde morar!

A descoberta de onde o Rei Ambrósio vivia foi resultado de uma delação por parte de uma pessoa de sua extrema confiança. Tal delação conduziu à carnificina de todos do quilombo, inclusive do Rei Ambrósio e sua amada Cândida.

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Pela dizimação do Quilombo do Ambrósio e pela denúncia da Conjuração Mineira, Inácio Correia Pamplona recebeu uma de suas melhores sesmarias, localizada onde o Rei Ambrósio viveu.

Segue as fotos do local e da família de Daomé, herdeiros de sangue, não de patrimônio (que ficou para os Pamplonas), e sucessores da saga do Rei Ambrósio.

Em uma próxima oportunidade de publicação, vou comentar o artigo “A Themis Negra no Quilombo do Rei Ambrósio”, de autoria do desembargador Afrânio Vilela (TJMG), que descreve com maestria o julgamento do delator do Rei Ambrósio.

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