Um em cada cinco brasileiros estão com sobrepeso, segundo os dados do Ministério da Saúde. A Organização Mundial de Saúde (OMS) já afirma que a obesidade é um dos mais graves problemas de saúde a ser enfrentado. Em 2025, a estimativa é de que 2,3 bilhões de adultos ao redor do mundo estejam acima do peso, sendo 700 milhões de indivíduos com obesidade.

No Brasil, essa doença crônica aumentou 72% nos últimos 13 anos, saindo de 11,8% em 2006 para 20,3% na última pesquisa. Esses números aqueceram a balança, mas não diminuem o preconceito. O levantamento realizado pela Skol Diálogos observou que 92% dos brasileiros dizem ter preconceito contra a pessoa gorda, mas destes, apenas 10% assumiram que são realmente gordofóbicos.

No mercado de trabalho, o peso também pesa no momento da contratação. 92% dos brasileiros afirmam sofrer gordofobia no convívio social. Os dados do Grupo Catho revelam que 65% dos executivos preferem não contratar pessoas obesas. E os números não param por aí. Em um mercado de trabalho que paga mais para empregados magros cada ponto do IMC (Índice de Massa Corporal) equivale à perda de R$92 por mês.

Para combater a gordofobia, o Brasil tem se empenhado na aprovação de legislações de proteção legal de pessoas acima do peso. Segundo a Constituição Federal, a discriminação pode ser interpretada como assédio moral e, em casos de humilhação, as ofensas podem ser interpretadas como injúria e crime contra a honra, previsto no Código Penal.

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Fora da lei, o tema muda de página e vira livro. É nesse neste cenário que o livro "Temporada 1", da autora Vanessa Sap, ganhou espaço nas prateleiras com a questão universal: O peso do seu peso pesa?, uma obra que vai virar, em breve, série da Netflix.

A ficção acontece no Centro de Emagrecimento Ingatori, durante a derrota da Seleção Brasileira para a Alemanha nas semifinais da Copa do Mundo de 2014. Durante a goleada alemã de 7X1, o médico é assassinado e aí começa o mistério, pois todos que estavam presentes têm motivos e “pesos” para cometer o assassinato.

“Quem matou Dr. Vitorio Ingatori? O mistério vai render várias “temporadas”. Para quem gosta da série americana Lost, o livro é um achado. A autora usou o mesmo formato, porém com algumas modificações. “Ao invés do mistério se iniciar com a queda do avião, o suspense que une todas as tramas no livro surge só no ultimo capitulo”, explica. Agora, quem desembarcou no do final da série americana, vai poder viajar novamente na “Temporada 1”, que deverá ser produzida pela Netflix.

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A viagem será com direito a trilha sonora. Cada capítulo conta uma história com "música- título". A playlist, com código do Spotify, está nas primeiras páginas e tem estilos variados. Rimsky-Korsakov, Bellie Holiday, além de Jimmy Cliff, Madonna, Amy Winehouse, Jimi Hendrix, Mercedes Sosa, Metallica, Noel Rosa, Edith Piaf, Sidney Magal e muitos outros dão vida aos dramas dos personagens.

A capa do livro esboça um espelho quebrado. “Como se a bola de futebol espatifasse a imagem em que a sociedade se enxerga e deixasse em cacos as diversas tentativas frustradas, por alguns personagens, em recuperar a autoestima com emagrecimento, através de inúmeros métodos tradicionais ou alternativos da medicina”, explica Sap, ao informar que a moldura do espelho da capa do TEMPORADA 1 é de cobre; as continuações serão prata e ouro “, finaliza a autora, ao enfatizar que o livro deriva de um ativismo por uma sociedade sem pressão sobre o peso alheio. “Quem quiser que fique magro. Muito magro. Quero poder ser gorda. Muito gorda”, brinca a autora, que já arranca elogios pelo estilo de escrita de Danuza Leão, ao usar uma linguagem sofisticada e palavras de outra época.