Se "quem canta seus males espanta", imagine o que acontece com quem... dança. Segundo a Ciência, os benefícios de mexer o corpo ao som de boa música envolvem estímulos cerebrais positivos, tonificação de músculos, queima de calorias, socialização. Mas uma ação da campanha Com Que Bolsa Eu? Vou acrescenta outro benefício à lista: solidariedade.

Criado no final de 2019 pela psicóloga Aline Rodrigues, o projeto chega à terceira edição ultrapassando a marca de 400 pessoas beneficiadas em dois anos. A meta, agora, é somar outras cem enquanto toca em uma pauta delicada, a de Dignidade Menstrual.

Para atingir esse objetivo, acontece nesta quarta-feira, 21 de setembro, o Ciclo Dançante do Bem. O movimento começa às 18h30 na Feira do Produtor Rural e será comandado pela dupla Diego Nunnes (@diego_nunnes_) e Robson Manoel (@dancerobb).

Quem se interessar em participar das aulas só precisa levar um pacotinho de absorventes até o local. "É um ingresso simbólico que significará muito para as pessoas que atenderemos. Inclusive a possibilidade de ir à escola e trabalhar com conforto, higiene. Cidadania também é isso", explica Aline Rodrigues.

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Participação

Ao longo do evento solidário, haverá aulas em duas modalidades, Na Zumba, o instrutor Diego Nunes vai colocar todo mundo pra dançar numa mistura de movimentos aeróbicos com coreografias diversas. Tudo com muito ritmo e diversão. "Todo mundo é convidado a participar, dividir esse momento com a gente. Nossa aula vai ser democrática e muito dinâmica do início ao fim", promete.

Também haverá uma sequência intensa de Fit Dance sob o comando do bailarino Robson Manoel. Na aula, passos de dança vão se unir ao fitness para sacudir da cabeça aos pés e promover bem-estar. "Estamos nos preparando com todo amor do mundo pra retribuir a solidariedade das pessoas, garantir bons momentos. Será um encontro incrível e mal podemos esperar", acrescenta.

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Meta

Dados do Girl Up Nise da Silveira, da Fundação ONU (Organização das Nações Unidas), apontam que uma em cada quatro adolescentes no Brasil não tem acesso a absorventes em seu período menstrual.

Isso significa que, uma vez ao mês, milhões se ausentam escola. Na ponta do lápis, anualmente, são mais de 40 dias letivos perdidos. Entre o público adulto, 5,5 milhões de pessoas já precisaram faltar ao trabalho por não terem acesso a itens de higiene na menstruação. O impacto, na economia, é de R$2,4 bilhões. Há mais: para conter o ciclo, quem está em vulnerabilidade recorrem a tecidos sujos, pedaços de papel e até miolos de pão. Todos podem causam infecções. "A falta de Dignidade Menstrual é uma questão de Saúde Pública que esbarra, também, em Educação, Emprego, Liberdade, Inclusão", diz Aline.

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Pensando nisso, o Com Que Bolsa Eu Vou? foca nesse ponto em 2022 e visa arrecadar 8 mil pacotes de absorventes até dezembro. Com esse montante, será possível ajudar cem pessoas que menstruam em Arcos durante um ano. "Cada pacotinho custa em média R$5. Parece pouco. Mas é importante lembrar que, no país, há quem viva com valores até inferiores a esse todos os dias. Ou seja: mais ou menos R$5 para comer, se locomover, se medicar, ter acesso a energia elétrica, água. Absorventes não são possibilidades nesses contextos", frisa a psicóloga.

De fato, segundo mapeamento do FGV Social, 23 milhões de brasileiros - ou seja, quase 10% da população - vivem com renda inferior a R$7 diários.

Apoios

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Em 2022, o Com Que Bolsa tem como lema o Ciclo do Bem, um trocadilho com as metas do ano e, ainda, um resumo da união de forças até aqui.

A especialista em Inteligência para Negócios e influencer Márcia Berto, por exemplo, levantou a bandeira do projeto em suas redes sociais, além de mobilizar compenheiras de trabalho em arrecadações. O mesmo aconteceu com a esteticista Janaína Alcântara e lojistas da região. Isso sem falar em grupos esportistas que também se movimentaram, como o KeepRun e as Brutas de Batom. "Recebemos muito carinho e suporte. Cada mensagem com 'gostaria de ajudar' chega com muita emoção e gratidão. O Ciclo Dançante desta quarta é resultado e continuação disso", destaca Aline.

A história da campanha começou no fim de 2019, quando a psicóloga perdeu o pai, vítima de Câncer. Na primeira edição da proposta, em 2020, a iniciativa levou kits de higiene e autocuidado para 50 mulheres atendidas pela Sociedade Vencer. Já em 2021, a maratona de doações foi direcionada ao Lar Pousada dos Berto e profissionais de Saúde em Arcos. "Nossa palavra-chave é autoestima. E ela envolve levar amor ao próximo, mostrar que ele é visto, compreendido, amado", encerra.