Quando nos reportamos aos fatos ocorridos no final do século XVIII, nas Minas Gerais, conhecido na história como “Inconfidência Mineira”, sempre nos aportam aos pensamentos, em primeiro lugar, a figura ímpar do Alferes Tiradentes. Ele é o mais lembrado e conhecido dentre o grupo que incluía fidalgos da coroa portuguesa.

Tiradentes, alcunha pela qual era conhecido, chamava-se Joaquim José da Silva Xavier. Veio ao mundo no dia 16 de agosto de 1746, na propriedade de mineração, hoje cidade de Tiradentes, Minas Gerais, na fazenda do Pombal, situada na circuncisão territorial da Vila de São João Del-Rei.

Era o quarto filho do casal. Aos onze anos de idade, ficou órfão. Foi adotado pelo tio e padrinho, Sebastião Ferreira, que era cirurgião. Aprendeu, assim, os conhecimentos de odontologia, profissão de dentista prático, habilidade por meio da qual muito ajudou escravos e agregados humildes das fazendas. Aos quatorze anos de idade, já trabalhava no serviço de tropa. Ia, frequentemente, às províncias do Rio de Janeiro e da Bahia.

Em 1769, com vinte três anos, assentou praça na Cia de Cavalaria dos Vice-Reis. Em 1775, com a fusão das antigas Cias de Dragões, foi criado o Regimento de Cavalaria Regular, hoje Polícia Militar de Minas Gerais. Foi então promovido, no ano seguinte, ao posto de “Alferes”. Este título corresponde, na atualidade, à graduação de Subtenente.

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A partir do ano de 1786, quando os preparativos para a Inconfidência Mineira já estavam em andamento, registram-se, no conselho ultramarino, várias viagens dele para o Rio de Janeiro. Registra, inclusive, uma licença para viajar até Lisboa, em 1787.

Quando dos preparativos para o levante, Tiradentes fez parte do grupo dos ativistas, composto por mazombos, filhos de portugueses nascidos no Brasil ou filhos naturais da terra. Era um grupo no qual as pessoas eram responsáveis pela concretização da eclosão do movimento. Tiradentes, no dia do levante, na derrama, seria o responsável por executar e mostrar a cabeça do governador para o povo, quando todos estivessem na praça e fossem cercados pela tropa da Cavalaria.

No final do ano de 1788, face às dificuldades vividas para a organização do movimento, numa conversa com o Inconfidente Vicente da Mota, Tiradentes disse que “se todos quisessem, poderiam fazer do Brasil uma grande nação”.

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Depois que foi preso, já no processo conhecido na História como os “Autos da Devassa”, assumiu, no quarto interrogatório, toda responsabilidade pela tentativa do levante. Não teve a sua pena de morte comutada em degredo perpétuo. Foi o único a ser enforcado.

Na manhã de 21 de abril de 1792, após ter sido enforcado, no Largo da Lampadosa, defronte a igreja da Lampadosa, no Rio de Janeiro, o seu corpo foi dividido em quatro partes. As partes de seu corpo foram expostas nos principais trechos do caminho do Rio de Janeiro para as Minas Gerais, onde ele fazia suas pregações revolucionarias, até que o tempo as consumisse.

Já a cabeça do Alferes foi exposta na praça principal de Vila Rica; hoje, Ouro Preto. Foi roubada, durante a noite. Ninguém sabe do seu paradeiro, até os dias atuais.

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Apesar de todo o sofrimento, constrangimento e humilhação impostos ao Alferes, não se vislumbram, nos autos da devassa ou em seus interrogatórios, indícios de que tenha delatado os demais envolvidos na conspiração.

Depreende-se, ao compulsarmos os aludidos autos, a  fidelidade às suas ideias e convicções. Ele não se acovardou, em momento algum. Declarou, isto sim, devotado amor à Pátria e confiança no seu progresso e desenvolvimento.

Configura-se um farol para a nossa juventude, neste momento de Brasileira desvairada.

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