O tuiuiú ou jaburu (Jabiru mycteria), uma das maiores aves da América do Sul e o símbolo do Pantanal, além do seu tamanho, chama a atenção pelo seu enorme ninho feito de galhos de arbustos secos. No Pantanal, são construídos em árvores como o “manduvi” (Sterculia striata), a “piúva” (Tabebuia impetigosa) ou em troncos de árvores mortas.

E aqui em Arcos, numa das regiões mais produtivas, o tuiuiú encontrou um refúgio e se adaptou tão bem, que é constante, avistar filhotes, que emolduram a paisagem de nossa região, sobre sucupiras, angicos e até afloramentos de calcário.

O Biólogo e observador de fauna Pedro Rocha, já fez dezenas de registros dessas grandes aves em nossa região, que se distribuem pelos extensos alagados que ocorrem no entorno do Rio São Francisco.

O Jaburu ou Tuiuiú é uma ave de corpo robusto e chega a medir 1,15m de altura.

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O bico, grosso e afilado na ponta, tem 30 cm de comprimento. O pescoço é preto e a parte do papo, dotada de notável elasticidade, é vermelha.

A cor predominante das penas no indivíduo adulto, é branca. Ele vive em bandos numerosos nas zonas de lagoas e rios piscosos (encontra considerável quantidade de peixes), pois consome uma quantidade incrível de peixes.

O ninho é feito com ramos entrelaçados no alto das árvores. Na época da incubação, enquanto um choca dois ovos, o outro fica de pé sobre a beirada do ninho em constante vigília.

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O jaburu tem grande capacidade de vôo, elevando-se a grandes altitudes. Quando descansa, na margem do rio ou lagoa, costuma ficar em uma só perna.

Seu andar é deselegante e vagaroso. Alimenta-se além de peixes, de moluscos e anfíbios.

Sua distribuição geográfica vai do sul do México até a Argentina, mas não é encontrado na parte ocidental dos Andes.

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Os tuiuiús não possuem hábitos migratórios, mas eles se movem dentro de uma grande faixa territorial ao longo do ano, buscando áreas ideais para alimentação. Eles patrulham os pântanos com longas batidas de asas, geralmente, em bandos e talvez seja essa a explicação para que essas aves encontrassem aqui na região de Arcos, um ponto ideal, com fartura de água, alimento e segurança.

Lenda do Tuiuiú: conheça a origem da história

As lendas são narrativas transmitidas oralmente que misturam fatos reais com imaginários ou fantasiosos e têm como objetivo explicar acontecimentos misteriosos ou sobrenaturais. E a lenda que vamos contar a seguir se encaixa perfeitamente nesse contexto.

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Muitas pessoas descrevem os tuiuiús como “aves de expressão triste”. E, para muitas pessoas, a explicação não seria anatômica, mas sim lendária, ou seja, relativa à uma antiga lenda indígena utilizada para explicar a origem desse aspecto entristecido.

De acordo com a lenda do tuiuiú, um casal de indígenas que moravam próximos a um rio era amante dos animais, especialmente os tuiuiús. E esse apreço pelas aves fez com que nascesse uma amizade improvável entre eles e as aves.

A lenda conta que sempre que os tuiuiús estavam com fome iam pedir alimento ao casal, sendo que o indígena guerreiro sempre deixava alguns peixes reservados para as aves. Até que um dia, a velhice chegou e a morte levou os dois ao mesmo tempo de forma pacífica.

Amizade, morte e tristeza criaram a Lenda do Tuiuiú

Em homenagem ao casal, que morreu abraçado em uma rede, a tribo da qual faziam parte os enterrou juntos no exato local em que costumavam alimentar as aves. E a partir daí os tuiuiús passaram a ficar muito tempo sobre o monte de terra que cobria os corpos, esperando por comida.

O tempo passou e os tuiuiús continuaram esperando no morro por alimento. Mas, como isso não ocorreu, diz a Lenda do Tuiuiú que as aves foram ficando cada vez mais tristes, com o olhar baixo e direcionado ao chão.

Assim, de acordo com a lenda a expressão de tristeza observada na face das aves seria resultado do lamento dos animais pela morte dos amigos. E assim como o casal, os tuiuiús são aves fiéis aos seus parceiros, vivendo juntos por toda a vida.