O secretário de Estado de Saúde de Minas Gerais, Fábio Baccheretti, apresentou, nesta terça-feira (12/3), na Cidade Administrativa, o cenário das arboviroses no estado e as ações do Governo de Minas para o enfrentamento da dengue e chikungunya.
“Os dados de arboviroses demonstram o que era previsto, que no final de fevereiro e início de março ocorreria o pico de casos. Agora, observamos uma tendência de queda, mas ainda com índices muito altos. Já vimos mais de 500 mil casos suspeitos de dengue, praticamente as notificações do ano de 2016 inteiro em dois meses. Ou seja, está sendo o pior ano da nossa história”, afirmou Baccheretti.
Diante do cenário epidemiológico, o secretário anunciou a expansão e o fortalecimento do suporte hospitalar para qualificar o atendimento e evitar óbitos. No Júlia Kubitschek, serão abertos oito novos leitos. O Hospital Infantil João Paulo II está sendo preparado para ampliar dez leitos de Terapia Intensiva. E o Hospital Eduardo de Menezes (HEM) está vocacionado para receber pacientes com dengue.
Além disso, Baccheretti falou sobre os preparativos do estado para enfrentar o período de crescimento das doenças sazonais, que deverá coincidir com a epidemia de dengue. A coletiva abordou, ainda, a vacinação contra a dengue e o próximo dia D, quando o estado mobiliza a população para o combate ao mosquito transmissor das arboviroses.
Cenário no estado
De acordo com o Painel de Monitoramento das Arboviroses, até 12/3, foram notificados 535.071 casos prováveis de dengue em Minas Gerais, dos quais 194.346 foram confirmados. Há 324 óbitos em investigação e 71 confirmados, mas que ainda estão em processo de encerramento e podem ser reclassificados nos próximos dias.
Em relação à chikungunya, até o momento, foram notificados 51.652 casos prováveis, sendo 32.505 confirmados para a doença. Há 20 óbitos em investigação e 20 óbitos confirmados, mas que ainda estão em processo de encerramento e podem ser reclassificados nos próximos dias.
No momento, a letalidade da dengue é de 2,29% sobre os casos de dengue grave ou dengue com sinais de alarme, e a letalidade da chikungunya é de 0,06% sobre os casos confirmados.
Até 11/3, foram notificados no painel 122 casos prováveis de zika e 14 confirmações. Todavia, desde 2018, não há casos confirmados de zika por métodos diretos de identificação viral (RT-PCR) no estado. Portanto, para todos os casos confirmados, os municípios são instruídos a fazerem uma avaliação bastante criteriosa. Após essa investigação, alguns casos são reclassificados pelos municípios por não atenderem critérios para mantê-los como confirmados.
Suporte hospitalar
A Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig) preparou um plano de contingência de enfrentamento à dengue para dar respostas rápidas e qualificadas às demandas regionais. Baseado nos cenários epidemiológicos dos anos anteriores e na análise prévia quanto à evolução dos casos este ano, o planejamento permitiu que a assistência fosse reorganizada para ampliar a oferta de leitos e, consequentemente, o atendimento à população.
“A organização da rede que adotamos no estado, com leitos exclusivos para a dengue, está fazendo diferença na letalidade da doença. Isso demonstra que a organização do fluxo de atendimento, um plano de contingência bem executado, a capacitação dos profissionais no interior de Minas vem surtindo efeito, diminuindo a letalidade”, afirmou o secretário.
No Hospital Eduardo de Menezes (HEM), em Belo Horizonte, foram abertos 20 leitos de enfermaria desde o início do ano. Hoje, a unidade contabiliza 104 leitos clínicos e dez leitos de terapia intensiva, sendo que 50% de sua ocupação total está destinada aos casos de arboviroses (dengue, zika e chikungunya). O HEM é referência estadual no atendimento às doenças infectocontagiosas, com expertise em crises epidêmicas, como covid-19 e febre amarela, e é a unidade na capital que mais tem recebido pacientes encaminhados pelo município.
O crescente número de casos de arboviroses nos últimos anos é ratificado pelos dados de atendimento no Eduardo de Menezes. Em 2022, a unidade notificou 34 casos; em 2023, 131 e, este ano, já são 487 pacientes atendidos (até 6/3).
O Hospital Júlia Kubitschek, próximo ao HEM no Barreiro, também é referência regional para atendimento aos pacientes com suspeita ou diagnóstico de dengue. Para esses atendimentos, foram destinados 32 leitos de enfermaria, além de uma sala de hidratação (Unidade de Reposição Volêmica) com 51 poltronas para tratamento oral ou venoso, que funciona 24 horas. Desde janeiro, o hospital atendeu mais de 3,4 mil pessoas com sintomas de dengue.
Para crianças, a referência é o Hospital Infantil João Paulo II, que possui pronto atendimento também por 24 horas. O hospital, que possui 129 leitos de enfermaria e 16 de terapia intensiva, também recebeu uma sala de hidratação com 20 poltronas. Só este ano, o João Paulo II recebeu 1.365 casos pediátricos relacionados à epidemia.
No interior, o Hospital Regional João Penido, em Juiz de Fora, pactuou a disponibilidade de cinco leitos para o município, além de receber casos regulados da região.
O plano de contingência da Fhemig prevê a ativação progressiva dos serviços conforme a demanda do município (gestor pleno da saúde) e a situação epidemiológica. Para assegurar a assistência, a rede abriu processos seletivos e chamamentos emergenciais para ampliar as equipes das unidades que estão atuando na epidemia de arboviroses. As informações estão disponíveis no site www.fhemig.mg.gov.br, por meio do acesso Como ingressar na Fhemig.
“Com o fortalecimento da rede, estamos conseguindo oferecer um tratamento de qualidade para as pessoas, evitando óbitos”, acrescentou Baccheretti.
Dia D
A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), por meio das 28 Unidades Regionais de Saúde, está coordenando um novo Dia D em todo o estado. O evento, que integra o movimento Minas Unida no Combate ao Mosquito, ocorre no dia 23/3.
Estão planejados mutirões comunitários para eliminar os focos de Aedes aegypti, além de ações de mobilização para orientar e conscientizar a população que a responsabilidade diária de manter ambientes dentro das casas é também do cidadão.
Cerca de 350 municípios já aderiram, em uma ação integrada entre Governo Estadual e as Secretarias Municipais de Saúde. As prefeituras que ainda não fazem parte do movimento podem procurar a Unidade Regional de Saúde da qual fazem parte.
O primeiro evento teve a adesão de 546 municípios mineiros. A programação incluiu blitz educativas, passeatas, atividades lúdicas em escolas e em locais com grande circulação de pessoas, entrega de material informativo, palestras e rodas de conversas. A mobilização contou, ainda, com visitas às casas para orientar e conscientizar os moradores sobre a responsabilidade diária de combater a dengue, zika e chikungunya.
Vacinação contra a dengue
A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais recebeu, em 22/2, o total de 78.790 doses da vacina contra a dengue. A partir desta data, os imunizantes foram distribuídos aos 22 municípios elencados pelo Ministério da Saúde (MS), responsáveis por operacionalizar a vacinação em seu território.
Receberam a vacina, nove municípios da região de Saúde de Coronel Fabriciano/Timóteo (Coronel Fabriciano, Timóteo, Pingo-d'Água, Antônio Dias, Marliéria, Santa Maria de Itabira, Jaguaraçu, Dionísio e Córrego Novo), e 13 da região de Saúde de Belo Horizonte/Nova Lima Caeté (Belo Horizonte, Ribeirão das Neves, Sabará, Santa Luzia, Nova Lima, Caeté, Rio Acima, Jaboticatubas, Raposos, Belo Vale, Moeda, Nova União e Taquaraçu de Minas).
Até 11/3, foi incluída pelos municípios no sistema do Ministério da Saúde a aplicação de 18.870 doses em crianças entre 10 e 14 anos de idade, o que corresponde a 23,95% do total de vacinas distribuídas. O número estimado de crianças de 10 a 14 anos de idade, nos 22 municípios mineiros selecionados para receber a vacina em Minas Gerais, de acordo com o Censo 2022, é de 195.828 pessoas.
Os dados estão disponíveis no Painel de Vacinação do Ministério da Saúde.
A SES-MG segue as recomendações do Ministério da Saúde para a operacionalização da estratégia de vacinação contra a dengue e aguarda recomendações do órgão federal quanto à ampliação da faixa etária.
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