Parentes de quatro pessoas que morreram no rompimento da barragem Córrego do Feijão, em Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, entraram com uma ação por danos morais no Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), na última terça-feira (16), para que a Vale pague uma indenização de R$ 40 milhões – R$ 10 milhões para cada vida perdida. A família quer também que a Vale mantenha Memorial com as fotos das vítimas e pedidos de desculpa.

Os irmãos Luiz Taliberti e Camila Taliberti, e a mulher de Luiz, Fernanda Damian, morreram soterrados pela lama. Fernanda estava grávida de 5 meses de Lorenzo. As vítimas foram a Brumadinho para conhecer Inhotim. Estavam hospedadas na Pousada Nova Estância, que foi devastada. Os donos do local também morreram.

De acordo com o advogado da família, Roberto Delmanto Júnior, na ação foi pedida a indenização porque, segundo ele, uma empresa com lucro de primeiro mundo não pode pagar indenização de terceiro mundo. Para ele, toda indenização por danos tem caráter punitivo.

Segundo o defensor, o lucro da Vale no último ano foi de R$ 25 bilhões, e fizeram um cálculo que, se a Vale pagar R$ 10 milhões para cada familiar de todas as vítimas, chegariam a um valor de R$ 2,7 bilhões, o que representa apenas 10% do lucro anunciado pela empresa.

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Delmanto pediu ainda que seja feito um memorial com foto das três vítimas com os dizeres e com pedidos de desculpa "A vida vale mais do que o lucro. Camila, Fernanda, Lorenzo e Luiz, desculpem-nos por tirar-lhes as suas vidas" em todas as unidades da empresa.

Por fim, Delmanto solicitou reparação pela dor das famílias por ver a postura do presidente da Vale, que permaneceu assentado na assembleia na Câmara, quando todos se levantaram para fazer um minuto de silêncio pelas vítimas.

 

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Segundo o advogado, essa postura doeu muito nos parentes, por isso, pediu que à Justiça que condene a Vale para que em todas as assembleias gerais com os acionistas – que são anuais, por 20 anos, seja lido o texto parecido com o outro, acompanhado de um minuto de silêncio, ficando de pé, e que sejam lidos os nomes, preferencialmente o de todas as vítimas do rompimento, em reparação moral pela conduta do presidente.

O que diz a Vale

Por nota, a Vale informou não ter sido intimada ou citada para os termos da referida ação. No dia 8 de abril, a Vale e a Defensoria Pública do Estado de Minas Gerais assinaram Termo de Compromisso por meio do qual as pessoas atingidas pelo rompimento da barragem de Brumadinho podem optar por acordos individuais ou por grupo familiar, para buscar indenização por danos materiais e morais.

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Ainda segundo o comunicado, "visando a soluções céleres para as questões emergenciais, a Vale fechou, também, acordo preliminar que permite a antecipação dos pagamentos de indenizações emergenciais para todas as pessoas que residiam em Brumadinho ou que moravam até 1 quilômetro da calha do Rio Paraopeba desde Brumadinho até a cidade de Pompéu, na usina de Retiro Baixo, no dia do rompimento. Até o momento, 12.400 moradores já receberam as indenizações nos municípios de Brumadinho, Mário Campos e São Joaquim de Bicas."

Suporte aos familiares das vítimas

De acordo com a mineradora, até 12 de abril, 272 famílias de vítimas em Brumadinho haviam recebido como doação, o valor de R$ 100 mil. A Vale ofereceu também atendimento médico em dez hospitais particulares e unidades de saúde de Belo Horizonte mobilizados para atender aos atingidos. Mais de 7,6 mil atendimentos médicos e psicológicos foram realizados até o momento.

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