Além de incomparável habilidade em restauração de utensílio ou peças raras de decoração, o Japonês usa a resina da árvore de laca e pó de ouro para converter objetos quebrados em verdadeiras obras de arte.
Como magos a proeza, outro nível de complexidade estética dão às peças consertadas.
Fazem com que peças, que podiam ter acabado no lixo, passem a ter maior valor do que as originais.
Os filetes em ouro assemelham-se com os queloides em constante regeneração no corpo humano.
Os nipônicos (convivi com eles durante 16 anos em Ipatinga, indo com eles ao Japão à serviço da Usiminas, cuja sócia Majoritária era a Nippon Steel), consideram as peças restauradas evolução do corpo e do espírito.
Nossos queloides, nossas rugas, estrias, varizes, nossas mãos calejadas, por mais indeléveis que sejam, nos deixam mais maduros depois de tantos breus, de dar duro ralar, mais e mais somos capais de enxergar tudo, por mais que o ambiente esteja escuro.
Há pessoas que, desde criança, pelos percalços da vida, que não são fáceis de transpor sem dor, se acidentam e continuam se acidentando ou sendo submetidas demais a frequentes intervenções cirúrgicas.
Corpo quase todo retalhado como uma colcha de retalhos, evidencia os queloides por conta do bisturi, mutilação acidental, costurados médico com o fio categute.
Este martírio pelo qual muitos passam é uma benção Divina para a evolução física e espiritual.
A dor é ferramenta de evolução.
Toda vez que olharmos para nossos queloides lembremo-nos que nosso corpo é um santuário, que havemos de agradecer ao ourives do universo.
Havemos de sentir com intensidade enorme gratidão ao ourives, o Grande Arquiteto do Universo.
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